tag:blogger.com,1999:blog-41507530967080334082024-03-06T00:55:45.339-08:00Poemas de Li StoductoA poesia, imagem e semelhança do poeta, traz a seus leitores traços vivos que nem mesmo a morte pode apagar.
Este blog é uma homenagem a Eliane Stoducto, que nos deixou prematuramente. É numa tentativa de preservar um pouco de sua presença muito querida.
A idéia é reunir os poemas de Li e torná-los acessíveis também aos internautas que eventualmente não tenham tido o privilégio de conhecê-la.dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-35112379399955080112007-06-26T11:09:00.000-07:002007-06-26T11:11:48.723-07:00Saudade de você, Li<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-X-pB4e6x3San1mgdDRzA6NXvQLLx1XW-ATmTFItXMjr4moS4fTz35A-A021UIitz5RG3dt_7wD1PNdaLTizDOSs0k29paBAmUD6dx7ONsV2j089jHh7oh6YCuqzMsDw0zgETL1Niycsb/s1600-h/li_stoducto2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-X-pB4e6x3San1mgdDRzA6NXvQLLx1XW-ATmTFItXMjr4moS4fTz35A-A021UIitz5RG3dt_7wD1PNdaLTizDOSs0k29paBAmUD6dx7ONsV2j089jHh7oh6YCuqzMsDw0zgETL1Niycsb/s320/li_stoducto2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5080437148683510242" /></a>dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-33636540293993655442007-06-10T12:35:00.000-07:002007-06-14T14:25:23.327-07:00Do Palavras Tortas<strong>Fênix </strong><br /><em>(Com apresentação da própria Li)</em><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPwqwkIwEKWshyROoZoi98MpXVPL9X_wKLg7cxgPgUt_w8biujcw99l7TgG4WeVufZ8kw5yQZ6qTlFNcs10IcdC7w-YAVwxvs2hxKsJu_sxT0gqY8ucpsW4__PJv_lB_WCl_WYZsqLU__Z/s1600-h/lieliane.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPwqwkIwEKWshyROoZoi98MpXVPL9X_wKLg7cxgPgUt_w8biujcw99l7TgG4WeVufZ8kw5yQZ6qTlFNcs10IcdC7w-YAVwxvs2hxKsJu_sxT0gqY8ucpsW4__PJv_lB_WCl_WYZsqLU__Z/s320/lieliane.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076033978276421586" /></a><br /><br />Letra, de minha autoria, que ganhou o 3º lugar num festival de Ouro Preto, cantada por Jane Duboc, e um 1º lugar no festival de Juiz de Fora, cantada por Clarisse Grova, em 1982 (tô véia... tsk, tsk, tsk...)<br /><br />Depois da fúria de um furacão<br />depois do fogo de uma paixão<br />ardente<br />qual lavas de um vulcão<br />entre os escombros<br />pode haver vida latente<br /><br />Cuida da terra qual lavrador<br />rega com amor o seu coração<br />descrente<br />que ao sol da manhã<br />entre ruínas<br />germinará a semente<br /><br />Grita se for preciso<br />tenta achar a saída<br />que a esperança perdida<br />vai renascer<br /><br />Cuida da terra qual lavrador<br />rega com amor o seu coração<br />descrente<br />que ao sol da manhã<br />entre ruínas<br />germinará a semente...dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-6846480361119543072007-05-02T07:25:00.000-07:002007-06-14T14:29:21.066-07:00'Viver é ter contrastes'<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHQ6kx_kUBRPfW9Wpfs9rSH8LGsEDx_4Z6Ifi5FRNlQn-vqdQub8AqI3V9qbjyj4-OGZn_471cyEga6BDgomO1C5xwKKJDOClHpCJMqO_7lgJXrQWXm0kb5xZ8QrTgKTIuEo6CBK90Rqof/s1600-h/li_stoducto.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHQ6kx_kUBRPfW9Wpfs9rSH8LGsEDx_4Z6Ifi5FRNlQn-vqdQub8AqI3V9qbjyj4-OGZn_471cyEga6BDgomO1C5xwKKJDOClHpCJMqO_7lgJXrQWXm0kb5xZ8QrTgKTIuEo6CBK90Rqof/s320/li_stoducto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076034613931581410" /></a><br /><br /><em>Certas noites</em> <br /> <br />Certas noites eu navego<br />vou ao léu<br />ao encontro do céu<br />certas noites eu me entrego <br /><br />Certas noites eu naufrago<br />bebo o breu<br />que pinta o céu<br />certas noites eu me afogo<br /><br />Mas volto à tona,<br />volto à flor d'água<br />sou marinheira<br />de mil viagens<br />solto meu canto<br />volto sereia<br />deslumbro<br />encanto<br />fascino<br />seduzo<br />atraio<br />cativo<br />enredo<br />engano<br />desfaço<br />maltrato<br />tiro o compasso...<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuvlLOgyW_P-Sd7hbkuBILltNaMnGZW9njeprjs_FjoDoUmjD-p7Tq2PajJfv5DBxJgz3JFiXPCjkMSK_TeJ1lgXQSnAuODhkrNmJugHGkzxm9C2z3mnedoyRqPohV-vMd2NP25TXv76N_/s1600-h/sem+t%C3%ADtulo2.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuvlLOgyW_P-Sd7hbkuBILltNaMnGZW9njeprjs_FjoDoUmjD-p7Tq2PajJfv5DBxJgz3JFiXPCjkMSK_TeJ1lgXQSnAuODhkrNmJugHGkzxm9C2z3mnedoyRqPohV-vMd2NP25TXv76N_/s320/sem+t%C3%ADtulo2.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059977629567571602" /></a><br /><br /><em>O chat caiu</em><br /><br />Tua ligação cai em meio a um chat e eu fico desamparada, me sentindo abandonada, sozinha, descompensada. Amaldiçôo a Telerj, os pulse, os tones, fax, modems, Embratel e Graham Bell. Saio da conexão, te ligo. Ocupado!!! Ocupado!!! E sinto no meu peito um aperto, um mal parado... Vou à cozinha, abro um vinho e decido me embriagar! O que sobrou na garrafa, nem para um copo me dá. Penso, inteiramente desesperada: "Só tenho duas saídas: suicídio imediato ou nova conexão!!!" Como sempre fui dramática, tento a segunda opção! Volto pra minha telinha, que aos meus olhos nublados, tristonhos e desvairados tem forma de coração. A tela é um imenso Norton Desktop Coração!!! Pela enésima vez, batalho a conexão! Parece que consegui! Digito a senha, musiquinha multimídia! Ai meu Deus, mas que demora pro programa carregar!!! Um mero 486Dx4-100, com 16 mega ram é a coisa mais obsoleta de toda a Criação! Até mesmo um Pentium-Pro seria uma lesma lerda diante de tanta aflição! Enfim o programa carrega e, desesperadamente, o mouse trêmulo, procura os usuários on-line. Aflita e consternada, constato que você, nada, nem de leve passou por lá... Quase que desfalecendo, tomo a irreversível decisão de ir pra Pago-Pago, numa balsa de madeira, abrindo mão pra todo o sempre de toda e qualquer ligação com informática, luz elétrica, telefonia. Adeus tecnologia!!! Namorar? Somente aborígines! Que não sabem o que são nick-names ou IDs. Se comunicam usando somente atabaques, maracas, tambores, tantãs e as batidas de seus corações.<br /><br />Eliane Stoducto - 1997<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUOghH9zdwcXetxecvvED4y9qsWQ8ueopHd4DSZ13FL248wTCDOfDbvSBvFqqjNL33J9lSPvaJ0-t3zqB7ad-pi9213gk1zZGHExN8DeSWwubJJAcf75OPkN-r8IbjnCwSjGYhzh4Juvj-/s1600-h/almo%C3%A7osobreoskycrapercharlesc+ebbets.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUOghH9zdwcXetxecvvED4y9qsWQ8ueopHd4DSZ13FL248wTCDOfDbvSBvFqqjNL33J9lSPvaJ0-t3zqB7ad-pi9213gk1zZGHExN8DeSWwubJJAcf75OPkN-r8IbjnCwSjGYhzh4Juvj-/s320/almo%C3%A7osobreoskycrapercharlesc+ebbets.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059981563757614786" /></a><br />Foto Charles Ebbets.<br /><br /><br /><em>Reformas</em><br /><br />Fui arrancada do bem-bom do sono pelo blim-blom da campainha! Com os olhos enevoados olho o relógio: 6:45 hs da manhã. Envolta em brumas repletas de carneirinhos, faço um esforço super-humano, visto o roupão e vou ver quem é. Do outro lado da porta avisto o pedreiro e o pintor. Meus pêlos se eriçam de pavor! Me lembro da reforma que estou fazendo e meu humor vai parar na ponta do dedão do pé. Ai meu Deus, por que essa classe subalterna tem a mania de madrugar? Por que insistem em chamar as mulheres de madame? Por que olham com um olharzinho de deboche e desprezo para quem levanta após o meio-dia? Inveja! Só pode ser inveja! E luta de classes também! Afinal de contas eu passo as noites e madrugadas escrevendo, lendo, trabalhando, oras! E, durante o dia, ataco de administradora, contadora, arrumadeira, lavadeira, faxineira, compradora, 'boy', economista, socióloga, pedagoga etc., sem remuneração. Tenho dois filhos e não tenho empregada, oras! Nada dessa "mamata" de chegar em casa e ter quem faça comidinhas para mim! Marmitas prontas? Ahhhh, sonho dos deuses! Meus dias são cansativos e canhestros e eles ainda se atrevem a me pensar "madama"! Arrrrrrrrrrghhhhhhh! Armo um sorriso entre o contrafeito, simpático e culpado e dou bom dia aos "penetras". Certo, certo! Penetras a meu soldo, concordo, mas nem por isso menos penetras! Eles olham para mim e entreolham-se com sorrisinhos disfarçados, como se dizendo: "a orgia noturna deve ter sido boa..." — e eu, pobre de mim, que há dois meses ando em jejum sexual absoluto, pensando até em procurar uma abadia onde me sagrem monja, me aceitem e aos meus dois rebentos, sinto-me como uma loba da estepe, meus dentes internos arreganham-se, quase babo e penso: "é hoje!" O pintor começa a preparar-se: é alérgico, o cidadão. Consome baldes de leite entre uma pincelada e outra e sofre... Seu olhar, por detrás da máscara protetora é de Cocker Spaniel. Tenta me comover. Mas eu sou dura, José! Logo imagino que ele vai tentar reestruturar o orçamento feito previamente, em função de sua alergia e acerto!... Putz! O pedreiro é mais simpático e acessível mas, depois que percebo que a cada dia começa a chegar mais perfumado e até está usando a dentadura, desconfio! Toda cautela é pouca para uma mulher sozinha! Comento casual e maliciosamente: — "Ummm, seu José, o senhor está a cada dia mais perfumado, hein? Vai à alguma festa?" E ele enrubesce e gagueja... Ai, ai, ai — penso: — "Não é que eu tinha razão?" E arrasada de tanto sono, peço licença e vou tratar de dormir mais um pouco, de porta trancada. — "Qualquer coisa batam na porta que vou escrever mais um texto" — minto. Eles concordam e vou dormir mais umas horinhas, se nenhum imprevisto acontecer, se nenhum cano furar, se o azulejo não quebrar, se o epóxi não endurecer, enfim... se tudo correr de vento em popa... Entro em meu quarto escurinho, deito-me, fecho os olhos e sonho.... Sonho com o dia em que esta maldita reforma terminar e eu possa enfim ter o repouso que mereço e gosto sozinha! Absolutamente feliz e SOZINHA!!!<br /><br />Publicado na <em>CRÔNICA DO DIA</em>, em 14.outubro.1999<br /><br />Eliane Stoducto<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZExjJznHr7CbjTFxq7PdYFJVv6NM6IOFVVaH819iHwRuQAXVHahmsejX7cxVfRcnuDyDFcC94Yx_1siwGljiQ5rio79OsVt9zYcHz5YMDHh9_BMSfx6NPCYFMcT30jp5eN5xR1hf8EoCn/s1600-h/luacheia.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZExjJznHr7CbjTFxq7PdYFJVv6NM6IOFVVaH819iHwRuQAXVHahmsejX7cxVfRcnuDyDFcC94Yx_1siwGljiQ5rio79OsVt9zYcHz5YMDHh9_BMSfx6NPCYFMcT30jp5eN5xR1hf8EoCn/s320/luacheia.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059977316034958978" /></a><br /><br /><em>Das idades, da paz e da tranqüilidade...</em><br /><br />Outro dia uma pessoa de uma lista que freqüento comentou sobre os preparativos que tinha feito quando estava às vésperas de completar 30 anos e perguntou aos outros o que sentiram quando entraram nesta idade... <br /><br />Não me preparei e nem senti nada especial quando fiz 30 anos. Para mim, completar 30 anos foi exatamente como fazer 25, 29 ou 34... A mesma coisa quando completei 40. Não sei por que, mas estas datas terrenas, essa obsessão cronológica começou a me dar um certo tédio desde quando, ansiosa por ter 18 anos, descobri que não havia de fato grandes diferenças... Apenas o número mudava.<br /><br />Quase todos os meus amigos, desde os meus 20 anos, sempre foram muito mais velhos que eu... E eram pessoas brilhantes, intelectuais, jornalistas, músicos, enfim, pessoas que curiosamente eram muito mais "jovens", atuantes e participativas do que as de minha idade... Alguns deles, artistas, têm até hoje a platéia abarrotada por público jovem. "A idade que se tem é a que sentimos" e não a determinada por um calendário que um papa resolveu instituir, sabe-se lá para atender a interesses de quem...<br /><br />E se o padrão de contagem fosse outro, hein? E se houvesse uma Babel e existissem diversos padrões de contagem cronológica, um para cada grupo social, raça, sexo, etc., que aliás, até muito pouco tempo atrás vigorava em relação às mulheres.<br /><br />Na minha adolescência, década de 60, ouvia um cantor, o Miltinho, cantar a música "Mulher de trinta" assim:<br /><br />"Você mulher, que já viveu<br />que já sofreu, não minta<br />Um triste adeus, nos olhos teus<br />a gente vê mulher de trinta..."<br />(??????????????)<br /><br />Adeuss??? Aqui, ó! Felizmente esta canção entrou por um ouvido e saiu por outro... Se não estaria marcada a ferro e fogo "ad eternum"... :)))))<br /><br />Hoje estou com 49 e, se sobreviver, daqui a pouco terei 50, quiçá 60? :) É evidente que algumas mudanças ocorreram em mim, não por causa da idade, mas pelo caminho percorrido e pela capacidade de aprendizado. Conheço pessoas que chegam aos 80 e continuam tão vazias, conformistas e mesquinhas quanto eram mais jovens.<br /><br />Mas, minhas inquietações, perguntas, indignação e sede pela vida são tão ou maiores do que as da juventude! Quem tiver esta chama acesa não envelhecerá nunca. Não voltaria, nem por um segundo, às minhas idades anteriores! Me gosto mais e me sinto muito mais plena, consciente e generosa hoje do que já fui algum dia.<br /><br />Descobri que a harmonia e uma certa felicidade estão do lado de dentro e não do lado de fora e que apenas nós possuímos a chave secreta, embora existam pessoas que se debatam pensando que outra pessoa possui sua chave e outras ainda que nem desconfiam que essa chave existe.<br /><br />Descobri que meu maestro predileto, o Tom Jobim, estava equivocado ou carente quando escreveu "É impossível ser feliz sozinho..." É perfeitamente possível ser feliz sozinho, dependendo da capacidade de introspecção e de gostar de si mesmo de cada um.<br /><br />Mas como no Universo nada está parado, ficar estática, numa posição de serenidade e harmonia é muito chato! Tanto que estou até pensando em arranjar uma paixão, daquelas terríveis e infernizantes, que tiram a serenidade, a paz e o prumo, pois não estou suportando tanta paz e equilíbrio! :)))<br /><br />Viver é ter contrastes, sombra e sol, percorrer altos e baixos! Sempre! Que a paz esteja comigo além túmulo. Mas não agora!<br /><br />Eliane Stoducto<br /><br /> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi12zg_gJKvOfwVbf8pv6C90VhZUp8NAOGs8LpGzUnlsM48MjWJk6vafV62FvN45jbj1DKz3_fUTZyjE7u_sGQKCvjXiHq0VxZlMKFTJKrQi3w10VBfw7tSuOldaTngCANqFBwuO-6CrJQP/s1600-h/rondini.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi12zg_gJKvOfwVbf8pv6C90VhZUp8NAOGs8LpGzUnlsM48MjWJk6vafV62FvN45jbj1DKz3_fUTZyjE7u_sGQKCvjXiHq0VxZlMKFTJKrQi3w10VBfw7tSuOldaTngCANqFBwuO-6CrJQP/s320/rondini.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059978273812666034" /></a>dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-91615822022220422232007-04-29T08:03:00.000-07:002007-06-14T14:19:23.191-07:00Insônia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0RDx8zK0-nxivYGK6d_gJcAFDyOEDCNDu9bWJsEAAR1Kr20wx-Du2aWyTlCmsymqbzapAta3IFLkJWLxdYwYkj-facHp875afZu0ZyZIpJ0GwPAzJZM1gujjQphTvt5cYRZySmwwRC7tD/s1600-h/margaridadelgado5.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0RDx8zK0-nxivYGK6d_gJcAFDyOEDCNDu9bWJsEAAR1Kr20wx-Du2aWyTlCmsymqbzapAta3IFLkJWLxdYwYkj-facHp875afZu0ZyZIpJ0GwPAzJZM1gujjQphTvt5cYRZySmwwRC7tD/s320/margaridadelgado5.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5058876163729675874" /></a><br />Foto Margarida Delgado.<br /><br />Outra noite de insônia... Aquilo já estava virando rotina. Ela levantou-se da cama e foi até o espelho do banheiro espremer uns cravos na base do nariz. <br />De repente parou, observou o contorno dos olhos e filosofou sobre a inexorabilidade do tempo e de sua relatividade. Quando presta-se atenção ao tempo e aguarda-se algo, cada minuto parece uma eternidade. Mas, quando distraímos, nos damos conta e às vezes já se passaram dez, vinte anos. <br />Ela encarou-se de novo no espelho e pensou em como tinha andado distraída. Ainda outro dia olhara-se no espelho e tinha vinte anos e, hoje, o rosto de uma mulher de quarenta a contemplava. <br />"_ Oi , estranha!"- arreganhou os dentes para a própria imagem, fazendo uma careta enlouquecida de louca furiosa e assustou-se. <br />Imediatamente transformou os esgares ensandecidos numa máscara calma e tranqüila. Deu um sorriso benigno para si mesma e pensou em como aquele sorriso era perfeito para um comercial de margarina ou de fraldas descartáveis... Só estava faltando o olhar canino: resignado, compreensivo e amoroso. <br />Pronto! Estava perfeito. "_ Que grande atriz o mundo está perdendo..."- pensou. Nem mesmo o mais experiente psiquiatra perceberia, por detrás daquele rosto bondoso, tranqüilo e forjadamente tolo, o leve brilho irônico e desequilibrado da louca do espelho. <br /> Passou um tônico no nariz avermelhado e pensou que precisava dormir, ou então, no final do mês, estaria com umas oito ou nove rugas a mais e ela não estava disposta a assemelhar-se a um maracujá de gaveta aos quarenta. <br />Foi para o quarto e deitou-se. Apagou a luz e nada. Tornou a acender a luz e, embora já fosse terça-feira, resolveu dar uma olhadinha no intocado jornal de domingo, para chamar o sono. <br />As denúncias de mordomias e safardagens perpetradas pela classe dominante, em confronto com a foto de um velho aposentado, com o rosto ensangüentado, por participar de manifestação pelo reajuste de pensões, deixou-a consternada e triste. <br />Com os olhos marejados de lágrimas, pensou em como o poder era podre ( Podres Poderes, Caetano!) e em como transformava seres humanos em bestas ávidas e insensíveis. <br />"_ Preciso comprar alguma literatura sobre anarquismo"- pensou. <br />Pegou então o caderno de Economia e, imediatamente, lembrou-se da imoral taxa de juros, de quase 12%, cobrada pelo seu cartão de crédito e, de que se parcelasse o pagamento do abundante, fútil e supérfluo material escolar pedido pelo colégio das crianças, fatalmente entraria num buraco negro de dívidas impagáveis. <br />"_ Céus! Como vou descolar essa grana absurda!? Pior que tem também o IPTU e o resto das dívidas do Natal... "- e, imediatamente, pensou que precisava jogar na Loto ou na Sena, pois era urgente resolver esses problemas comezinhos. <br />Foi na gaveta, pegou alguns volantes de jogo e, olhando aquelas dezenas de números, sentiu-se inteiramente despreparada para marcar os números vencedores. <br />"_ Quem sabe um pouco de radiestesia não possa me ser útil?"- pensou. <br />Então, pegou o seu pêndulo de cristal como quem pega uma bóia salva-vidas. <br />Depois de mais de uma hora, o pêndulo indeciso, insistindo em apontar-lhe uma infinidade de números, ao invés dos desejados, sentiu que a claridade da manhã penetrava em seu quarto, pelas frestas da veneziana. Estava amanhecendo e suas pálpebras estavam ficando pesadas, pesadas... <br />"_ Amanhã garimpo os números"- disse para si mesma. <br />Colocou no gravador a fita de relaxamento, apagou a luz do abajur, colocou a máscara de dormir, deitou-se de bruços e adormeceu com a certeza de que aquela noite de insônia tinha-lhe deixado, pelo menos, uma ruga a mais na encadernação da sua vida.<br /> <br />Eliane Stoducto<br /><br /><a href="http://audiovisuais.net/av.html">Poemas</a><br /><br /><em>Quixotismo</em><br /><br />Adaga cravada no peito<br /><br />o sofrimento,<br />grotescamente,<br /><br />cavalga à deriva<br />combatendo<br />tolamente<br />antigos<br />moinhos<br />de vento<br /><br /><em>profana</em><br /><br />transgredir normas<br />combater titãs<br />pular as cercas<br />e seqüestrar<br />todas as maçãs<br /><br /><br /><em>natal negro</em><br /><br />minha<br />árvore de natal<br />ao tem presente<br />aqui tudo vai mal<br />com a tua ausência...<br /><br /><br /><em>pensando, pensando...</em><br /><br />o homem que acha<br />que pensa<br />que pensa<br />e não ouve<br />e não age<br />só pensa que pensa...<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGHaN0tvj0RT8LFtquilL390-Sens2Nl087vQncAHFwtHAWscR3ASoixxkvkGrtBxfr3GKODhO_XnaHGxyEK5-LlS0yOt5Po7dHIl8ip5XvaW4sjbVrFjCRkBzJObMILFgsx6lE3wx0ax3/s1600-h/AnneBrigman.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGHaN0tvj0RT8LFtquilL390-Sens2Nl087vQncAHFwtHAWscR3ASoixxkvkGrtBxfr3GKODhO_XnaHGxyEK5-LlS0yOt5Po7dHIl8ip5XvaW4sjbVrFjCRkBzJObMILFgsx6lE3wx0ax3/s320/AnneBrigman.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5058891367913903730" /></a><br />Foto Anne Brigman.<br /><br /><em>estrepulias</em><br /><br />quem brinca<br />se estrepa<br />quem não brinca também<br />então brinquemos<br />e trepemos muito<br />meu bemdade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-27648245453007801562007-04-27T11:51:00.000-07:002007-06-14T14:21:03.801-07:00'Viver é urgente!'<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaEZvSIL-5RTURQa_Fah2MO-r2gbLeGs103jkO245-YscsI9rktQo-PlIwBipkXZVkzSk6-6afJWidNcicKwwMDrnNxRF8BR68vjbWt4xLn3HBygiEs0i74aemCF5N_GJZcAQECtN4AUX6/s1600-h/li_06_2002.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaEZvSIL-5RTURQa_Fah2MO-r2gbLeGs103jkO245-YscsI9rktQo-PlIwBipkXZVkzSk6-6afJWidNcicKwwMDrnNxRF8BR68vjbWt4xLn3HBygiEs0i74aemCF5N_GJZcAQECtN4AUX6/s320/li_06_2002.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076032535167410114" /></a><br /><br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br /><em>Vocação</em> <br /> <br />Certos dias <br />embora eu me desfaça em pranto, <br />amanhece, <br />e os pássaros insistem em cantar <br />embora queira, insanamente, desaparecer, <br />a luz do sol insiste em penetrar <br />pela fresta do olho. <br />Então acordo , tomo um café, <br />acendo um cigarro <br />e sorrio...<br /><br /><em>Xeque-mate</em><br /><br />Sua intolerância<br />levou ao xeque-mate.<br />Quem quer comer<br />não rosna, não late!<br /><br /><br /><em>Urgência</em><br /><br />Escrevo cartas que não mando,<br />mensagens que não envio<br />ai, meu Deus, mas que fastio<br />dessa falsa apatia<br />tropeçar nas mesmas pedras<br />trilhar os mesmos desvios<br />com tanta vida pulsante<br />me negar e procurar<br />o tédio das calmarias...<br />Logo eu que desvario<br />lato, uivo e enlouqueço<br />nas noites de lua cheia<br />eu, que sempre me arrepio<br />muito mais do que me aquieto<br />preciso arrancar as teias<br />daquela antiga guerreira<br />que habita dentro de mim.<br /><br />Viver é urgente!<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkMady_HE6-rCz_iRQLoYWOi78_x2DSTgDP10TfGaEMHKCupQpZamdHGvpGJgfScLotN_VLzvY6Knv8PCB9AuZX8L_5l2-1Q8-6MssP53x1H46dR-EE1uwse3aHKj2ASKAe3YlgO8Yq7xU/s1600-h/tananim1_contra+o+vento.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkMady_HE6-rCz_iRQLoYWOi78_x2DSTgDP10TfGaEMHKCupQpZamdHGvpGJgfScLotN_VLzvY6Knv8PCB9AuZX8L_5l2-1Q8-6MssP53x1H46dR-EE1uwse3aHKj2ASKAe3YlgO8Yq7xU/s320/tananim1_contra+o+vento.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5059984836522694386" /></a><br /><br />Você, a espada<br />eu, a taça,<br />recipiente,<br />copas<br /><br />nos encaixamos,<br />mais que perfeitos,<br />nessas<br />trocas <br /><br /><em>Xerez</em><br /><br />Um xerez numa garrafa poirenta<br />para aplacar a sede<br /><br />um livro e uma canção só de silêncio<br />p'ra saciar a alma<br /><br />um dengo, um cafuné, um arrepio<br />para acalmar o peito<br /><br />um beijo apaixonado, bem molhado,<br />para calar a carne,<br />emudecer o fogo<br />e afogar o cio...dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-38565952607953387552007-04-26T15:49:00.000-07:002007-04-26T16:24:26.956-07:00'Um bom dia'<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixRPVrowuVO4cPt_TIBXAbCHLiBwrH5IufEau4BdVbEkJmQBleUbgBi1JD77n3QvSE66oGHg72bGSY1zbBa0BeA5OjAmvrjjeXd7gr1DTrUS4Mb049Uc3MBSbxd6nIGF8Xj-23X5bYtPQW/s1600-h/elliot+erwitt4+romantic+enacre.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixRPVrowuVO4cPt_TIBXAbCHLiBwrH5IufEau4BdVbEkJmQBleUbgBi1JD77n3QvSE66oGHg72bGSY1zbBa0BeA5OjAmvrjjeXd7gr1DTrUS4Mb049Uc3MBSbxd6nIGF8Xj-23X5bYtPQW/s320/elliot+erwitt4+romantic+enacre.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057875371925198354" /></a><br />Elliot Erwitt.<br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br /><em>Mar em trânsito</em><br />Para Maria Tereza<br /><br />Para o mar Maria ia<br />Para o mar ia<br />Para o mar ia<br />Ao pisar a fina areia<br />Em hora de maré cheia<br />O mar ia até Maria<br />O mar ia até Maria<br />O mar ia<br />O mar ia<br /><br />Maria<br />Mar em trânsito...<br /><br />~~~~~~~~<br /><br /><em>Mira</em><br />para minha mãe<br /><br /><br />Mira confusa<br />insana<br />absurda<br /><br />Baila sozinha<br />tão triste<br />abstrusa<br /><br />O tempo abstrato<br />tragando<br />sua mira<br /><br />25/09/2004<br /><br />~~~~~~~~<br /><br /><em>Sabores</em><br /><br />Você, ao me enganar,<br />me deixou<br />tão livre e solta,<br />que hoje não tem volta,<br />descobri<br />novos sabores...<br /><br />~~~~~~~~~<br /><br /><em>Sob a lua...</em> <br /> <br />Sob a lua <br />eu reluzo <br />e flutuo... <br />Sob a lua <br />sou estrela <br />te ilumino <br />e aqueço <br />enlouqueço <br />e te amo...<br /><br />~~~~~~~~~~<br /><br /><em>Taquicardia</em><br /> <br />Delírios de febre, <br />suor e arrepios, <br />me toma de assalto <br />uma taquicardia: <br />o pulso acelera <br />assim de repente, <br />me sinto doente... <br />Os olhos vidrados, <br />a boca silente. <br />Sutil calafrio, <br />qual sombra da morte, <br />percorre a espinha. <br />Na louca agonia <br />espasmos, tremores... <br />é a vida que parte? <br />São males? São dores? <br />Que nada... <br />São só ais de amores...<br /><br />~~~~~~~~<br /><br /><em>Xadrez inútil</em><br /><br />Jogar xadrez<br />beber na chávena<br />o chá da Índia<br />feito burguês<br /><br />Fumar charutos<br />Jogar xadrez<br />comer rainhas <br />com avidez<br /><br />E antever<br />e maquinar<br />a estratégia<br /><br />Abstrair<br />e descartar<br />qualquer <br />tragédia<br /> <br />Ser rei total<br />e absoluto<br />mas só ganhar<br />na superfície<br />do tabuleiro<br /><br />Ser jogador<br />e leviano<br />ser incapaz<br />de mergulhar.<br /><br />Amar ligeiro<br />é não amar... <br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidL2E2fKz9xijDfkO7QZ6z5VXOlOWboR2VjmeiozAlN2y96M-XyDWB_v1sk8Jz7vBn6k4EjUKrTcuZaQ36kWBP4JgEWpScP2zm9i1ZT0zQh9JjWV8k-l7A6xqQc2uvA6T0wHWU2cvtIsGQ/s1600-h/doisliriosneytraitfraser.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidL2E2fKz9xijDfkO7QZ6z5VXOlOWboR2VjmeiozAlN2y96M-XyDWB_v1sk8Jz7vBn6k4EjUKrTcuZaQ36kWBP4JgEWpScP2zm9i1ZT0zQh9JjWV8k-l7A6xqQc2uvA6T0wHWU2cvtIsGQ/s320/doisliriosneytraitfraser.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057878391287207458" /></a><br />Ney Trait Fraser.<br /><br /><em>Um bom dia</em><br /><br />Um bom dia pra morrer<br />é quando tudo está parado<br />não se ama, não se odeia<br />e tudo, aparentemente,<br />está tão calmo<br /><br />Um bom dia pra morrer<br />é quando a saudade do que<br />não houve insiste, e então,<br />a gente fica triste<br /><br />Um bom dia pra morrer<br />é quando o futuro<br />não mais nos instiga<br />com promessas obscenas<br />das coisas que nunca,<br />nunca, se conquista<br /><br />É quando a vida, aos olhos,<br />se desbota, e o prazer<br />com as coisas que se tinha antes<br />já não brota<br /><br />Um bom dia para morrer é hoje...<br /><br />~~~~~~~~~~~~~~ <br /><br /><em>Suicídio ou porre </em><br /> <br />A manhã tinha sido particularmente difícil e agora eu estava ali sentada, num banco do Largo do Machado, pensando no que iria fazer de minha vida. Só havia uma perspectiva possível sobre o que fazer no momento - ir para casa ver televisão... Meus pêlos se eriçaram e um calafrio perpassou pela coluna diante desta possibilidade... Meu cérebro começou a contorcer-se à procura de alternativas mais agradáveis. De todas as idéias executáveis no momento só restaram duas que possuíam algum atrativo: suicídio imediato ou andar dois quarteirões, até o Café e Bar Lamas e tomar um porre descomunal.<br />O suicídio apresentava certas vantagens pois eu sabia que no dia seguinte não iria ter que me defrontar com o assustador incômodo de uma horrenda ressaca... O Tonopan e o Ormigrein tinham acabado... Valium, depois que mandara meu analista - que tinha um tique nervoso no olho esquerdo - à merda, nem pensar... Suicídio ou porre? Porre ou suicídio? O que fazer?<br />Subitamente sons de buzinas enlouquecidas me arrancaram das profundezas do debate interno. Olhei a minha volta. Eram 18h30 e o congestionamento da Rua das Laranjeiras já atingira o Largo. Dois garotos andrajosos e despossuídos, que as pessoas politicamente incorretas denominavam de pivetes, arrancaram a bolsa de uma senhora e saíram correndo debaixo de gritos de "- Pega ladrão!".<br />Um outro despossuído e sem-teto, isto é, um mendigo andrajoso, deitado num canteiro grunhiu algo e escarrou próximo a mim. Senti algumas gotículas daquela excreção insalubre respingarem no meu pé, mas continuei imóvel, olhando fixamente para o lado oposto, como se estivesse muito preocupada com outra coisa que não fossem aqueles nojentos respingos de escarro no meu pé e, dramaticamente, decidi: SUICÍDIO! NOW! <br />Levantei-me e lancei um olhar em torno para ver se entre centenas de camelôs encontrava algum que vendesse algo que me ajudasse a levar a cabo minha inexorável decisão. Precisava de lâminas de barbear!<br />Não as tinha em casa pois há dois anos havia resolvido aderir à nova tendência da moda natural e deixara crescer livremente todos os pêlos do corpo. As axilas inclusive, o que me valera algumas gozações de amigos mais caretas, que passaram a me chamar de Baby, mas isso já é outra história. Minha urgência, no momento, era conseguir adquirir as tão preciosas lâminas para poder concretizar minha inabalável decisão.<br />Pesquisando com o olhar entre a centena de ambulantes, finalmente avistei um, que vendia as tais lâminas. Aproximei-me e pedi um pacotinho e, ao pegá-lo, - decepção! - descobri tratar-se de lâminas duplas, G2.<br />-Não tem gilete azul? - perguntei ao ambulante, que me olhou como se eu fosse um ET.<br />-Essas lâminas são ótimas, moça! Uma faz tchan, outra faz tchun!<br />-Você não tem lâminas inglesas?<br />Ele me olhou estranhamente e eu me apressei a pagar e sair rapidamente dali, guardando o inútil pacotinho na bolsa. Olhei em torno desesperançada. O tráfego tinha piorado e o som das buzinas misturava-se ao dos arrancos dos ônibus do ponto final. O ar estava irrespirável com a fumaça dos veículos... Nisto, senti atrás de mim, um leve toque no ombro.<br />-Pronto! - pensei, desolada - o mendigo ...<br />Fui virando lentamente o rosto por cima do ombro, imaginando o que me aguardaria agora....<br />-Zuca! - quase gritei, entre surpresa, aliviada e encantada.<br />Zuca tinha sido meu quase namorado na época da faculdade e, desde que voltara do exílio, não voltara a vê-lo.<br />- Que prazeeeeeeeeeeer! exclamamos mutuamente.<br />Abraços efusivos e calorosos, beijos de "bico" e decisão de comprarmos umas "cervas" no boteco mais próximo e irmos até lá em casa para botar o papo, com 8 anos de atraso, em dia.<br />As lâminas foram utilíssimas! Usadas para uma depilação completa, no cheiroso banho de espuma que tomei, enquanto Zuca botava as cervejas no congelador, escolhia uns discos, olhava o Parque Guinle e o topo do Palácio das Laranjeiras e se familiarizava com o terraço da minha pequena cobertura...<br /> <br /> <br /><br />Publicado na CRÔNICA DO DIA , em 30.outubro.1998 <br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP_zXlgX9VgxT3wF9OVEtp8C6pzWFmMjJA9CYGgn69CHOfEICZQ7LrrapskoDIJ24VreLqkQNYKs2h-Do942eO73KH1k7aeT83yRxxMbuYTtSYbt9vat2Hg_neyQKCwysOomg3qijJ9mWv/s1600-h/Eriogonum_umbellatums.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP_zXlgX9VgxT3wF9OVEtp8C6pzWFmMjJA9CYGgn69CHOfEICZQ7LrrapskoDIJ24VreLqkQNYKs2h-Do942eO73KH1k7aeT83yRxxMbuYTtSYbt9vat2Hg_neyQKCwysOomg3qijJ9mWv/s320/Eriogonum_umbellatums.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057880500116149810" /></a>dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-69674708522976392232007-04-25T06:50:00.000-07:002007-04-25T07:17:01.582-07:00'E choro, e uivo, e me debato.'<a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglxnjdLhvrNsMn6oA0Rim97PgO2FBMrEwjyXTCzFM51QU3zzPyo0vVll_inKourqBq-f6ET-o9ZJZG6DmiMcw2v9PMGM4DwHVsvLfCkTwyE1oVWnUecMvkgQDQ9MPptEmOIknUk2OuUUsa/s1600-h/EBMJOIA.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglxnjdLhvrNsMn6oA0Rim97PgO2FBMrEwjyXTCzFM51QU3zzPyo0vVll_inKourqBq-f6ET-o9ZJZG6DmiMcw2v9PMGM4DwHVsvLfCkTwyE1oVWnUecMvkgQDQ9MPptEmOIknUk2OuUUsa/s320/EBMJOIA.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057363514902730146" /></a><br /><br /><em>Lava</em><br /><br />Meu sangue borbulha<br />e ferve, é lava<br />que lava, escalda<br />e queima, me arde...<br /><br />Meu sangue é lava,<br />excita, me inflama,<br />castiga e aflige,<br />me deixa em viva carne...<br /><br /><br /><em>Lua Cheia </em><br /> <br />Nas madrugadas insones de verão, <br />montada em negro corcel, viajo rumo ao passado. <br />Deliro, ardo em febre. Me apunhalo. <br />Me afogo em frios suores e, <br />depois, choro pela vida desperdiçada <br />como o vinho entornado <br />nas mesas de tabernas ordinárias <br />e chopes não terminados, levados <br />por apressados garçons mercenários. <br />Choro por minha polidez medíocre e bem comportada, <br />pelo tolo acato às convenções institucionalizadas, <br />pelo horrível aprendizado de engolir sapos. <br />E choro e uivo e me debato. <br />Afinal, é lua cheia...<br /><br /><em>Madura Idade</em><br /><br />Aquele olhar de antigamente,<br />surpreso e transparente,<br />transformou-se em oblíquo e cansado.<br />O riso que brotava tão freqüente, rareou.<br />Ficou em seu lugar apenas um esgar entediado...<br />As mãos que eram quase de criança<br />viraram as de mulher atarefada...<br />Os cabelos castanhos se cobriram<br />com alguns fios prateados...<br />A velha timidez se travestiu<br />e agora já mal dava pra notar...<br /><br />Apenas, algumas vezes, era quebrada<br />aquela paz tão duramente conquistada:<br />só quando a garotinha prisioneira<br />insistia em protestar<br />e a senhora, rápida e rasteira,<br />tentava lhe estrangular!<br /><br /> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwEgkEjcGdIfND54TwCJGaFGc7q6u9ld1OjAF1BpGFESLF4FGlo3uToyTyByGAG5RNSS9F1XVQwSlMv7OtcpoiQR8p2R9M0HP0_uXSJVcYQuqR5WliY6zAgXlSZLk9bhXPJlUUHuDoM8ZA/s1600-h/cigarro300.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwEgkEjcGdIfND54TwCJGaFGc7q6u9ld1OjAF1BpGFESLF4FGlo3uToyTyByGAG5RNSS9F1XVQwSlMv7OtcpoiQR8p2R9M0HP0_uXSJVcYQuqR5WliY6zAgXlSZLk9bhXPJlUUHuDoM8ZA/s320/cigarro300.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057365146990302642" /></a><br /> <br /><em>Meio que... </em><br /><br />Ando meio que drogada, <br />meio que apaixonada, <br />exalo nicotina e paixão. <br />Ando meio que bonita, <br />meio que aflita, <br />entre a taquicardia e o tesão. <br />Ando meio que contente, <br />meio que doente. <br />Pra ser feliz, <br />estou por um triz... <br />Ando meio que surtada, <br />meio que amada... <br />Ando meio que... <br />meio que... <br />sei não!<br /><br /><em>Oceano interior</em><br /><br />Algas, plâncton, maresia<br />espelho de águas serenas<br />angras, pélagos, enseadas<br />sob uma pele morena<br /><br />águas cálidas, tranqüilas<br />encobrindo turbilhões<br />profundezas insondáveis<br />reinos de treva abissal<br /><br />grutas secretas, águas frias<br />correntezas e marés<br />lavando o lodo das mágoas<br />transformando o fel em sal...<br /><br /><em>OCO</em> <br /> <br />teu pouco <br />amor <br />louco, <br />primeiro <br />foi como <br />um soco, <br />depois, <br />deixou-me <br />o peito <br />oco<br /><br />Peso do nada<br /><br />Sou formada por ausências<br />solitude, abstinências<br />que muitas vezes esmagam<br />os gritos do meu silêncio<br /><br />Sou feita de mil querenças<br />anseios e transparências<br />que muitas vezes emergem<br />com a voragem de um tufão<br /><br />Sou fruta verde-madura<br />um travo de fel-doçura<br />aguardente que se traga<br /><br />igo cerzindo essa teia<br />segurando em minhas veias<br />todo o peso deste nada<br /><br /><em>Quase</em><br /><br />Quase me perco<br />nas dúbias sendas<br />do teu enredo<br /><br />quase me rendo<br />nas negras teias<br />desse tecido<br /><br />quase me afundo<br />nas águas turvas<br />quase me embrenho<br />na selva escura<br /><br />mas saio inteira<br />e com mais viço<br />escapo ilesa<br />desse feitiço...<br /><br /><em>Que noite...</em><br /><br />Que noite essa minha<br />sem sonho, sem sono<br />sem lua, sem vinho<br />que noite essa minha...<br />ganindo, gemendo<br />latindo sozinh<br />ao ponto da agulha<br />cerzindo sem linha<br />que noite essa minha!<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMpDowmcC4pPJTdC0c7oNP6xbYOr40V8dYVba9heHRwn8IKXa9US8RKzAj86gvU_Ifm7OLBfLQ4GIBjzJmAUrbftwxTzcKiHe7iLnds17X3pgVXPlXplQaXPCmabEhyjhiYrgwzxe5WZ26/s1600-h/eli2003.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMpDowmcC4pPJTdC0c7oNP6xbYOr40V8dYVba9heHRwn8IKXa9US8RKzAj86gvU_Ifm7OLBfLQ4GIBjzJmAUrbftwxTzcKiHe7iLnds17X3pgVXPlXplQaXPCmabEhyjhiYrgwzxe5WZ26/s320/eli2003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057368230776821186" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBOxmCbXMenjUsZzHb_iyVouNhc4FuCZYMP3OhZXrmRWyIU9Wf1o2O-QEIAADDizlpEbySiFXcPxM5x_2nrYNvYT-5ms1TKcBzKeO0lSAap5P8iSP47Du-S0ErsqHTFV9nuCOlkUpIipJN/s1600-h/eliane2003.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBOxmCbXMenjUsZzHb_iyVouNhc4FuCZYMP3OhZXrmRWyIU9Wf1o2O-QEIAADDizlpEbySiFXcPxM5x_2nrYNvYT-5ms1TKcBzKeO0lSAap5P8iSP47Du-S0ErsqHTFV9nuCOlkUpIipJN/s320/eliane2003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057368479884924370" /></a><br /><br /><em>A dor vinis crescendo...</em><br />Eliane Stoducto <br /><br /><br />Não sei o que me atacou... Provavelmente ter ouvido a mp3 do Márcio Proença, meu velho parceiro, achada na web. Feliz o tempo? Ou então nostalgia da mais simples e honesta boemia. Quem sabe o excesso de reclusão que, geralmente, transo numa boa e até me dá prazer, se transformou? Ou então a memória da pele - e do fígado - de um uísque nostálgico?<br />Não sei... Sabe-se lá o quê... Mas a saudade de antigas boemias bateu... Saudade de uma época em que eu era dona do meu nariz em que podia sair e voltar com o dia alto... Ou não voltar. "uísque, dietil, dienpax..."<br /><br />Pessoas boêmias e com inequívoca vocação para a solidão, com sentimentos ambíguos, duais, pertencentes ao sexo feminino, não deveriam ter filhos. Ou deveriam?<br />Que me desculpe o poetinha<br /><br />"Filhos... Filhos?<br />Melhor não tê-los!"<br />Mas se não os temos<br />Como sabê-los? Como sabê-los?"<br /><br />mas isto é muito bom para poetas diplomatas do sexo masculino com grana no bolso e mulheres. Mulheres em profusão. Dedicadas, apaixonadas e maternais para cuidar deles, dos filhos deles, trocar as fraldas e comprar e agendar bananas e legumes para a papinha, enquanto o poeta enxuga umazinha, toma uma caipirinha e come uma feijoada com gostosa farofinha. E sofre, e cogita, e filosofa. E pode dar-se ao luxo da ressaca. E internar-se quando a coisa toda empaca.<br /><br />Não há poesia numa fralda de cocô palpável e olfatável esperando no tanque. Não há poesia no ensaboar em si, apenas nas palavras e no olho do poeta.<br />"foi, quem sabe, esse disco, esse risco de sombra em teus cílios, foi ou não, meu poema no chão, ou talvez, nossos filhos..."<br /><br />Mas... tirante os filhos que aborrecem, adolescem, nos enlouquecem e controlam, tirando-nos a paz e o prumo e que, provavelmente, depois se vão para o quase nunca mais (quando, meu deus, quando???? que seja já!) sinto uma angústia prosaica.<br /><br />Uma angústia de não poder ouvir mais meus vinis... tenho muitos vinis mas o raio do meu som só toca CDs. Toca três CDs e nenhum vinil! Vinis de amigos, vinis com dedicatórias, vinis com minhas letras, música de amigos...<br /><br />Vinis que me transportam no tempo, nas pessoas, nos afetos, nas minhas milhões de facetas interiores, e que jazem nas prateleiras do teto... Daqueles, que nunca vão ter regravações em CDs porque são raros, desconhecidos, de amigos, vinis de colecionador.<br />Que lástima... Estou velha, arcaica, senil como o vinil dos nossos embalos de sábado e sexta-feira à noite...<br />O vinil que contava nossas histórias pessoais e passionais, com a faixa arranhada e gasta - quase furada - de tanto ouvir quando se chegava em casa de porre depois de ter perdido o suposto grande amor... Aquele, do qual conhecíamos os arranhões e cicatrizes, se foram... E hoje eu choro a perda dos velhos vinis com suas heranças, histórias e legados febris.<br /><br /><br />Publicado em Collectaneadade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-57024722276143488402007-04-23T12:06:00.000-07:002007-04-23T12:22:19.160-07:00'Excesso de bagagem'<a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br /><em>Excesso de bagagem</em><br /><br />Nosso caso já morreu<br />antes de poder ter sido<br />e essa sensação, o déjà vu,<br />essas palavras...<br />Alguém mil vezes já falou,<br />algum poeta, algum amigo...<br />Soterrar toda a paixão,<br />emparedar desejos<br />em eternos porões sombrios...<br /><br />Não importa,<br />apenas mais uma rotina,<br />apenas mais uma tristeza<br />que vou levar comigo.<br />É só mais uma...<br />Tenho malas tão cheias,<br />carregadas,<br />que não sei como vou<br />pagar o preço<br />pela bagagem extra<br />no fim dessa jornada...<br /><br /><em>Fogos... fátuos?</em><br />(véspera de reveillon, 2003)<br /><br />Não preciso ir ver os fogos.<br />A mim já bastam os meus:<br />fátuos, tolos, in<br />sensatos, meio<br />vivos, semi-<br />mortos, que<br />insistem<br />em quei<br />mar<br /><br /><em>Futuro do pretérito</em><br /><br />Eu poderia ficar horas te escutando<br />tuas piadas, teus projetos, teus enganos.<br />Eu poderia te olhar horas a fio,<br />enquanto tu fosses desfiando<br />as histórias da avó e dos teus filhos...<br />E ficaria horas contemplando<br />o teu jeito meio bobo e te adorando...<br />Ah, eu ficaria, sei que ficaria...<br />Com a atenção dispersando eu te olharia<br />sorrindo com ternura e simpatia,<br />a mente vagueando em outros planos,<br />ansiosa, procurando a fantasia<br />de te ter dentro de mim...<br />Ah, eu faria tudo isso, ah, se eu faria!<br />Depois, quando calasses, eu te levaria<br />para os brancos lençóis,<br />então serias o meu dono...<br />Mas, hoje não, meu querido, estou com sono...<br /><br /><em>Insana</em><br /><br />O seu olhar<br />detonou<br />aquilo que estava<br />a sete chaves<br />bem guardado<br />o beijo inevitável,<br />depois,<br />na cama,<br />a marca indelével,<br />presença insana,<br />ficou para atestar<br />o que se sente,<br />o que se irmana<br />e nas tramas<br />do tesão<br />e da ilusão<br />ainda é<br />chama.<br /><br /><em>Labirintos</em><br /><br />Coloridos<br />e sombrios<br />os labirintos<br />da alma,<br />onde me perco,<br />me agito,<br />me desavenho,<br />reflito,<br />me acho<br />e encontro<br />a calma...<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgFL8Ql_NIKvO0buUP2Nj0ZNqdu99frkLhf1tNzb5XsL-Tz-hX4cklI-UVIJpfrlkDYHmzQOMqIj-MMYUypEHmun4nxnC5g_oxN3CvY-YDPjPhL0-N8z2Zej_UaDXS0_J0vWrEHhSQS0JL/s1600-h/elianemeus54x.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgFL8Ql_NIKvO0buUP2Nj0ZNqdu99frkLhf1tNzb5XsL-Tz-hX4cklI-UVIJpfrlkDYHmzQOMqIj-MMYUypEHmun4nxnC5g_oxN3CvY-YDPjPhL0-N8z2Zej_UaDXS0_J0vWrEHhSQS0JL/s320/elianemeus54x.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5056701454274767074" /></a><br /><br /><em>Pierrô por circunstâncias</em><br /><br />Eliane Stoducto<br /> <br />Quando ele nasceu era um lindo, gorducho e sorridente arlequinzinho. Seu pai era Crespin, o arlequim e, sua mãe Faustina, a colombina.<br />Na maternidade, assim que Faustina tomou-o nos braços pela primeira vez, foi logo falando: <br />- Que lindo pierrozinho!<br />No que seu pai, Crespin, retrucou, em voz sonora: <br />- Que pierrô que nada, mulher! Parece cega! Não está vendo que ele é um lindo arlequinzinho?<br />Convém notarmos que a relação entre Crespin e Faustina sempre fora muito conturbada. Desde o namoro ficara claro que eram almas muito diferentes. Questão esta, muito habilmente contornada por Faustina, que estava firmemente decidida a não deixar que “pequenos” detalhes influíssem no seu projeto de casamento com Crespin.<br />Diante de tal afirmativa, Faustina, como sempre bastante irritada com Crespin, reagiu:<br />- Cego é você, Crespin! Cego e desequilibrado! Você não pode ser árbitro de nada! <br />Além de passional, há sempre vapores alcoólicos toldando sua mente e visão! Isto impede que você veja as coisas com clareza! Eu, que sou uma mulher ponderada, equilibrada, imparcial e justa, posso muito melhor que você, julgar e avaliar precisamente a realidade! É claro e cristalino como a água que nosso filho é um lindo e gracioso pierrozinho! Vá curar sua carraspana que é o melhor que você faz! Você, que vive entre a bebida, amigos escusos e mulheres duvidosas, deveria recolher-se e não perturbar desde já nosso filho com seu passionalismo e confusão!<br />Crespin ficou pau da vida. Mas, como Faustina estava de resguardo e Crespin não tinha a menor intenção de prejudicar o filho recém-nascido, saiu e foi para o bar mais próximo da maternidade e, encheu a cara durante sete dias e sete noites consecutivos, findos os quais foi para casa, trancando-se no quarto de hóspedes por mais dois dias para curar a ressaca.<br />O menino foi registrado, um mês depois, com o nome de Tristão, por absoluta insistência da mãe e, sua festa de batismo, apesar dos esforços de Faustina, foi um completo desastre.<br />A principiar pelo fato de Crespin ter chegado à igreja atrasado e acompanhado com uma turma de amigos blasfemos, alegres e ébrios, causando-lhe o maior constrangimento.<br />Depois, na recepção que Faustina organizara em sua casa para comemorar o evento, Crespin, como sempre, se excedera na bebida e cortejara todas as mulheres, homens, velhos, velhas, adolescentes e crianças, que adoravam suas brincadeiras, deixando Faustina furiosa.<br />Depois que Faustina confiscou publicamente a bebida de Crespin ele começou a perder toda a alegria, sentindo-se desrespeitado e humilhado e, lá para o final da festa, já inteiramente embriagado pelo desacato e desgosto, vomitou no prato de empadinhas, após o que, refestelou-se no meio da sala começando a dormir profundo sono, meio entre o desmaio e o coma alcoólico.<br />Faustina agradeceu aos céus da maioria dos convidados já ter se retirado e, com a ajuda de parentes, conseguiu arrastá-lo até o quarto. <br />Depois desse episódio o casamento agonizou por mais alguns meses até que o casal decidiu-se pelo inevitável divórcio.<br />Crespin foi morar em Brasília e a guarda do pequenino Tristão foi confiada à sua mãe, que o criou correta e desveladamente como um... pierrozinho.<br />Tristão era uma criança bela, alegre, feliz e descontraída demais para o desgosto de Faustina. <br />Toda vez que levava o menino para tomar sol na pracinha ouvia sempre comentários:<br />- Que belo arlequinzinho!<br />Ao que ela, retrucava irritada:<br />- Arlequim não! Pierrô!<br />De tanto ouvir esse comentário, para deixar bem claro quem era Tristão, passou a pintar em sua face esquerda uma grande e bem desenhada lágrima. E lá ia ela orgulhosa empurrando seu pierrozinho...<br />Tristão foi crescendo e se dando conta de que toda a sua alegria, espontaneidade e displicência amarguravam profundamente sua mãe. <br />Para sentir-se amado foi começando a dissimular sua vivacidade por trás de uma máscara triste e meio apática. Por quantas vezes tivera de conter ímpetos de pura alegria de viver era impossível de se contar. <br />Faustina, sentindo-se traída pela vida e pelo destino, foi ficando a cada dia mais amarga, mais desconfiada com o mundo.<br />E o tempo foi passando... Aos 19 anos, Tristão era um belo rapaz. Alto, magro, de olhos sonhadores e vagamente inquietos... Deixava, passivamente, sua mãe continuar a pintar-lhe a eterna lágrima no rosto antes de ir à Faculdade. Eram muito apegados. Afinal, como se desavir com aquela mulher, que se privara de tudo, como ela mesma dizia, e dedicara toda uma vida de lágrimas e sofrimentos pelo seu bem e felicidade? Ou melhor, infelicidade? <br />Sim, porque Faustina tinha um verdadeiro culto pela tristeza e ações dramáticas. E Tristão, por hábito, necessidade e cotidiano, compartilhava da sua maneira de ver a vida. Ou, pelo menos, assim era levado a pensar. <br />Desde muito cedo aprendera a dissimular qualquer faísca de felicidade para agradar Faustina, que não era muito chegada a arroubos de alegria. “Muito riso é sinal de pouco siso” – dizia ela - que sempre fora muito apegada a ditos populares e estava sempre tirando um da cachola para aplicar ao seu dia a dia...<br />E Tristão, que sentia inseguro e tinha um imenso desejo de ser amado, não ousava contrariar a soberana mãe.<br />Nas madrugadas insones, enquanto viajava em sua louca fantasia, se imaginava muito, muito feliz, perpetrando a enorme indignidade de satisfazer seus próprios desejos. Se esvaia em gozos, beijava bocas, tocava corpos, bebia vinhos, dançava e gargalhava. Sentia o doce aroma que provinha de seu corpo limpo e pensava no quanto queria compartilhá-lo com alguém. Dormia imerso em devaneios e a manhã chegava, arrancando-o de transes tão luxuriosos e exóticos.<br />Pela manhã, logo após trancar-se no banheiro olhava-se ao espelho e compunha sua máscara trágica para sair para o café e dar o bom dia matinal à sua gentil mãe. Automaticamente seu olhar se esvaziava das emoções e dos anseios da madrugada para beijar aquele rosto tão sofrido e familiar de Faustina.<br />Convém que se diga que não havia revolta nos sentimentos de Tristão. As coisas, para ele, estavam postas de uma forma determinada (por Faustina) e isso era inquestionável, estavam entranhadas e faziam parte de sua vida. Só havia um sentimento meio vago, muito interno, de desassossego, de inquietação, de nostalgia de algo não vivido, que ele não sabia exatamente o que era.<br />Até que certo dia – ironias da sorte – chegou da faculdade mais cedo do que o previsto pois fora decretada uma greve geral. Haveria uma passeata de alunos e mestres e, embora morto de vontade de participar, se esquivara pensando nas críticas, cenho franzido e sofrimento de sua nobre e casta progenitora, que odiava qualquer manifestação em repúdio a qualquer norma institucionalizada.<br />Ao abrir a porta de casa ouviu ruídos, ganidos e gemidos vindos do quarto de Faustina e seu coração quase parou!<br />- Mamãe está tendo um enfarte!? Um derrame!? Mamãe enlouqueceu de sofrimento?! Quem sabe tenha ouvido a notícia da passeata e ache que eu esteja participando?! – pensou angustiado e aflito.<br />Ao abrir afoita e alucinadamente a porta do quarto deparou-se com uma cena surreal, inimaginável.<br />Viu sua casta e santa mãe, Faustina, inteiramente nua, com um olhar esgazeado, sorriso lascivo, entre urros, gemidos, gritos, em estertores de gozo, sendo apalpada, lambida e chupada por um desconhecido, com um membro enrijecido, de proporções dantescas.<br />Soltou um urro gutural e agoniado, de animal ferido e saiu correndo porta a fora e se perdeu no mundo. Sentia-se traído, iludido, ludibriado e desperdiçado!<br />Passou exatamente sete anos comendo, bebendo, trepando, amando, sofrendo, cantando de tristezas e alegrias, chorando e rindo, gargalhando e usando plenamente todos os seus sentidos. Numa farra e orgia loucas, celebrando a descoberta de sua verdadeira identidade.<br />Agora então podia ser o arlequim que sempre fora desde o berço e até sentia-se generoso para perdoar toda a hipocrisia de Faustina...<br /> <br /><br />Publicado na seção "O Domínio da Matéria", em <em>Condomínio Brasil</em>, fev. 2006dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-40488025409883713662007-04-20T07:51:00.001-07:002007-06-14T14:53:13.313-07:00'Brilhando feito uma estrela'<em>Ave Estranha</em> <br /> <br />Ave triste <br />sobrevivo <br />banhando <br />de lágrimas <br />o planeta... <br />Ave estranha <br />sobrevôo <br />e transformo <br />a terra <br />em mar...<br /> <br /> <br /><em>Cálida </em><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmR61vSl_AsJ4bep5izJbCJnOcRQ_8tkhijcjQ_xbMGW8-AZOZKNIvGoHUsyLcesjvmr1DsaikT8e0Q4YxrRpb70URXz5U9FdeVpk7lbwuYPmWP27q2m4zPEJEKsXwPiAOr9Xoado2dJTq/s1600-h/daneysi.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmR61vSl_AsJ4bep5izJbCJnOcRQ_8tkhijcjQ_xbMGW8-AZOZKNIvGoHUsyLcesjvmr1DsaikT8e0Q4YxrRpb70URXz5U9FdeVpk7lbwuYPmWP27q2m4zPEJEKsXwPiAOr9Xoado2dJTq/s320/daneysi.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076037590343917570" /></a><br /> <br /><br />Venha banhar-se<br />nas águas cálidas<br />do meu desejo<br /><br />singrar meu âmago<br />me navegar...<br /><br /><em>Colcha de retalhos</em><br /><br />A felicidade é uma colcha de retalhos<br />que eu vou costurando devagar<br />tecendo-a com as linhas das tristezas<br />dos risos e das lágrimas do olhar<br /><br /><br /><em>Cócegas</em><br /><br /> para o meu filho Juliano <br /> <br />A mão de minha mãe <br />faz cócegas em meus braços <br />A brisa que entra pela janela <br />faz cócegas em meu rosto <br />enquanto sinto e brinco <br />os homens trabalham...<br /><br /><em>Cósmica</em><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnCWr7bu2RwSgQ7PCudcx9hMLePK5cVSp4Y-UTaYkqZ1NNrjE0dy9v7N_b0rvlXmu96zI0tWda1XAZh0c5k_-feHMz5xlINGvfD3ZAMbdlCnt9vuEiEGKfANKFwZHqw11v3SpTqP-DHCWn/s1600-h/leiluka18032007.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnCWr7bu2RwSgQ7PCudcx9hMLePK5cVSp4Y-UTaYkqZ1NNrjE0dy9v7N_b0rvlXmu96zI0tWda1XAZh0c5k_-feHMz5xlINGvfD3ZAMbdlCnt9vuEiEGKfANKFwZHqw11v3SpTqP-DHCWn/s320/leiluka18032007.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076041219591282722" /></a><br /><br />Na cósmica noite fria<br />Vagando qual um cometa<br />Minha paixão viaja<br />Brilhando feito uma estrela<br />Perdida na imensidão...<br /><br /> <br /><em>Cria Cuervos</em> <br /><br />quando se cria <br />corvos <br /><br />eles não só <br />te arrancam <br />os olhos <br /><br />como também <br />te ferem<br /><br />e dilaceram <br />a alma... <br /> <br /><em>Dança</em><br /><br />Dança<br />doida<br />da esperança<br /><br />verdecendo<br />o deserto<br /><br />vicejando<br />o secreto<br /><br />movimento<br />do universo <br /><br /><em>Dança Aflita</em> <br /> <br /> para Vito Cesar <br /> <br />Dançamos nós <br />A dança dos casais <br />A dança de animais <br />Lagos de vinho <br />Cio<br /> <br />Dançamos mais <br />A dança dos aflitos <br />A dança dos malditos <br />Poças de sangue <br />Sina<br /> <br />Rodopiei <br />Na dança dos vampiros <br />Até cair exangue <br />Fado <br />Destino <br />Frio<br /><br /><em>Densa, quente...</em><br /><br />densa, quente<br />transbordante<br /><br />fria, chata e<br />anarquista<br /><br />prato, talher,<br />guardanapo<br /><br />mesa posta<br />pra analista <br /> <br /><em>Detesto jogos...</em> <br /> <br />Detesto os jogos da vida <br />sou avessa às disputas <br />Detesto emular com o inimigo <br />trauma antigo <br />secular<br /> <br />Gosto do olho no olho <br />pra começar a questão <br />gosto dos toques, dos gestos <br />me exponho <br />à rejeição<br /><br />Suporto bastante as falhas <br />pois sou infalível em falhar <br />agüento os porres alheios <br />permito-me <br />embriagar<br /> <br />Por isso às vezes me tolho <br />Por isso às vezes me encolho <br />E fico a ruminar <br />Cogito, reflito, penso <br />E começo a gargalhar.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4RrocbvheXKTQuUNTSub8K-ZPjlYbvt-dMt23_rVG38gQBMz8RVd4Pe9H0b4bARqMHwN69HT7_SoJT9frj66JtUZy2Tr5tbbPuxurKwcF_Bclvv-_vGmTxnhHOjhOenwbVL6XJS4TRlUH/s1600-h/elistod2003.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4RrocbvheXKTQuUNTSub8K-ZPjlYbvt-dMt23_rVG38gQBMz8RVd4Pe9H0b4bARqMHwN69HT7_SoJT9frj66JtUZy2Tr5tbbPuxurKwcF_Bclvv-_vGmTxnhHOjhOenwbVL6XJS4TRlUH/s320/elistod2003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5055530933952686178" /></a><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /> <br /><em>Dragão</em><br /><br />O dragão - sua língua<br />e seu hálito ardente -<br />derrete as entranhas<br />e desperta a serpente...<br /><br /><em>Em desalinho...</em><br /><br />dias dementes:<br />mente oca<br />lábio amargo<br />alma louca<br />boca silente <br /> <br /><em>Enfim só</em> <br /> <br />Não deu certo o teu encanto, a tua lábia <br />Aprendi, hoje estou sábia <br />E nem que o Papa sambe de baiana <br />Vou rebolar na tua cama... <br />Acabou, meu amigo, <br />Aquele amor ficou antigo, <br />Deu bolor... <br />Estou de bem comigo. <br />E isto, agora, já não é tão difícil...<br /> <br /><em>Eros caótico </em><br /><br />Este meu Eros caótico <br />às vezes tão pacato <br />em certos dias <br />traveste-se <br />de feroz Thanatos <br /><br /><em>Espasmo </em><br /> <br />Esparjo <br />fluidos<br /> <br />ensaio <br />vermelhos<br /> <br />implodo <br />de gozo<br /> <br />explodo <br />em azuis. <br /> <br />E pasmo!<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7KKv5KOGMjk6DwH_-hOl4-bH-J9pRKQ64tWxa4ZdFjZo7IFLAESwyh3h-cKB705JnQyMjU4NhEMpBThCCvN8ZjXkSy9vSYvtkosIUmYcl_HPzGAxZx0ZMhxO55YvnuRcR4hLNYI9iT1Zv/s1600-h/li_eli6meses_sepia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7KKv5KOGMjk6DwH_-hOl4-bH-J9pRKQ64tWxa4ZdFjZo7IFLAESwyh3h-cKB705JnQyMjU4NhEMpBThCCvN8ZjXkSy9vSYvtkosIUmYcl_HPzGAxZx0ZMhxO55YvnuRcR4hLNYI9iT1Zv/s320/li_eli6meses_sepia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5076036748530327538" /></a><br />Aos seis meses...<br /><br /><em>La Niña</em><br /><br />Rio de Janeiro, dezembro, quase verão. Tateio à procura de uma colcha para me cobrir e acabo despertando com a aragem fresca entrando pela janela. Como que por milagre está fresquinho. Parece uma manhã de maio. Agradeço aos deuses, à Deusa e, especialmente, à La Niña.<br />Pelo que andei lendo nas previsões de tempo, aquele nefasto El Niño, causador de tanta desgraceira parece que foi embora de vez. Em seu lugar chegou ela - La Niña.<br />Dizem os noticiários meteorológicos que ela é de paz, tranqüila e que vai nos abençoar com verões frescos, chuvas no Nordeste e muitos outros fenômenos climáticos bons e benignos.<br />Eu rezo para que eles estejam certos. Certíssimos, de preferência. E rezo também para que as transformações climáticas se estendam a outras esferas... Pois acho que todo o povo da Terra está mais é precisando de uma Grande Mãe, acolhedora e terna, que abra seus braços, nos abençoe, afague e conforte, dando-nos força, lucidez e esperança para enfrentarmos e vencermos tanta injustiça, tanta falta de escrúpulos, tanta luta pelo poder.<br />Quem sabe ela não consiga lavar mágoas, purificar mentes e corações e insuflar neles alguma generosidade, solidariedade e empatia?<br />Seria um belo presente de Natal para o Planeta!<br />Seja benvinda Niña!<br />Proteja-nos, ó, Grande Mãe!<br /><br />Eliane Stoducto<br />Publicado na CRÔNICA DO DIA, em 25.dezembro.1998dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-61275753897044252202007-04-19T07:33:00.000-07:002007-04-19T08:15:55.277-07:00Presença na rede<strong>"</strong>Além da Cristal Poesia trabalho nos meus outros sites: <a href="http://audiovisuais.net/">Poema em Movimento</a>, <a href="http://rjsinfonia.net/">RJ Sinfonia</a>, <a href="http://lua-negra.net/">Templo da Lua Negra</a>, <a href="http://letradecorpo.rg3.net/">Letra de Corpo </a>(em parceria com a Claudia Letti) e <a href="http://katarse.rg3.net/">Katarse Verso e Prosa </a>(site da minha lista de escritores); em três blogs: o <a href="http://palavrastortas.blogspot.com">Palavras Tortas</a>, <a href="http://emdesalinho.blogspot.com">Em desalinho </a>e o <a href="http://mdelirante.blogspot.com">Mundo Delirante</a>. <br />Colaboro, esporadicamente, em: <a href="http://www.levantario.blogger.com.br">Levanta, Rio</a>!(em parceria com a Marcia Cardoso), <a href="http://collectanea.blogspot.com">Collectanea</a> (da Adriana Paiva), <a href="http://condominiobrasil.com">Condomínio Brasil</a> (da Esther Lucio Bittencourt e Ana Laura Diniz) e no blog coletivo <a href="http://papo-de-botequim.blogspot.com">Conversa de Botequim </a><br />Escrevo também algumas coisas vindas aqui de dentro, quando o trabalho de webdesigner e de casa, e os meus próprios demônios internos permitem... <br />Como boa pisciana sou meio impressionável :) e me sinto atraída por assuntos esotéricos mas, sem chegar ao extremos de comprar "kits esperança" e, por mais que me esforce, não consigo acreditar em fadinhas e gnomos... <br />É isso aí... Falo demais... Vou colocar neste site as coisas que faço, gosto e curto... Poesias minhas, poemas de amigos, letras de música, prosa, contos, crônicas e o que mais me agradar.<br />Ah! E mais uma coisinha! Só tenho uma certeza inabalável: a certeza absoluta de que na vida, certezas não existem, só existem dúvidas, mas, que são exatamente elas - as dúvidas - que nos fazem arriscar e nos levam ao caminho do aprendizado, do conhecimento e de alguma sabedoria... <strong>"</strong><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjETuqEpWzPs7_jOrvU5gZZpVtPzpOMaCHXVEl3VJ9lly-R7ak2-ApBo4lWjaPNjJr8JRQ1IVqo5qeww5fNJqEf4CuPlOzPoDLAG2pISijnb6JtNDX8ZpPZexXYKsmm8mZeTCl4FnutIToQ/s1600-h/qminguante2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjETuqEpWzPs7_jOrvU5gZZpVtPzpOMaCHXVEl3VJ9lly-R7ak2-ApBo4lWjaPNjJr8JRQ1IVqo5qeww5fNJqEf4CuPlOzPoDLAG2pISijnb6JtNDX8ZpPZexXYKsmm8mZeTCl4FnutIToQ/s320/qminguante2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5055152375535216690" /></a><br /><br /> <a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /> <br /><em>Videotape</em><br /> <br />Ai quem me dera que o fogo das paixões <br />de novo me tomasse por inteiro, <br />incendiada, no calor da discussão, <br /> atiraria em você algum cinzeiro <br />e botaria você da porta a fora <br />jurando não querer ver sua cara, <br />nem ter seu corpo nunca mais, nem nada, nada! <br />Você iria embora e eu choraria <br />tal e qual uma criança desgraçada. <br />Para esquecer eu tomaria vinte uísques <br />e cairia, no sofá, já desmaiada. <br />Quando acordasse, abandonada e de ressaca, <br />me sentiria doente e mal amada <br />pois te queria ao meu lado, me cuidando, <br />me dando um sonrisal e uma trepada... <br />E aí me sentiria, como se estivesse, <br />num pronto socorro da Zona Oeste: <br />com frio, triste e desamparada. <br />Fecharia os olhos e pediria a Deus <br />para levar a minha alma... <br />Depois de dias de desespero chegaria a conclusão <br />de que você era o meu tempero <br />e então faria planos para te reconquistar, <br />mas você me ligaria antes de eu telefonar. <br />Com o coração aos pulos eu diria, calmamente, <br />que a gente precisava conversar. <br />Você concordaria e marcaríamos <br />dia, hora e lugar... <br />E eu botaria a minha roupa mais gostosa <br />fingindo ser a coisa mais banal e você, <br />com sua camisa mais charmosa, <br />fingiria não notar. <br />No bar concluiríamos que não dava: <br />eu não gostava de você, mas te amava. <br />Você não me amava, mas gostava. <br />Era urgente que acabássemos <br />com toda aquela loucura passional. <br />Como adultos de bom-tom brindaríamos <br />à separação com vinho <br />e algumas lágrimas disfarçadas. <br />Você me levaria para casa e, <br />depois do longo abraço de adeus, <br />você estaria teso e eu molhada. <br />Prontos a repetirmos <br />a nossa estranha jornada...<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2EBZ_-2Eo18Nn0NIffJ0i0sL4wbZr0yxgsqycTMLZpxgV_jfksWlj-GAc-nGerTxqGALamMUGb8hwQKQBdxrHqPq-xAmphcuzNvney7ztMMOL1o8HiuA_5sJnrdeTZsZiKQVL-5YXyaab/s1600-h/rosavermelha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2EBZ_-2Eo18Nn0NIffJ0i0sL4wbZr0yxgsqycTMLZpxgV_jfksWlj-GAc-nGerTxqGALamMUGb8hwQKQBdxrHqPq-xAmphcuzNvney7ztMMOL1o8HiuA_5sJnrdeTZsZiKQVL-5YXyaab/s320/rosavermelha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5055157898863159362" /></a><br /><br /> <br /><em>Ab sinto </em><br /> <br />Ab duzo <br />o pensamento <br />obsessivo <br />ab sorvo <br />losna, anis <br />sorvo <br />ab sinto <br />me ab straio <br />dessa dor <br />ab soluta <br /> <br /><em>Anjo</em> <br /><br />Você chega e me seduz <br />e eu quase que derreto <br />me vejo toda boba <br />e logo alguma coisa <br />em meu olhar reluz. <br />E todo o ceticismo <br />vai para o espaço eterno, <br />qualquer prudência é vã , <br />toda cautela é zero. <br />Minha sabedoria <br />não serve pra mais nada, <br />toda filosofia <br />se perde no universo. <br />Começo a ver estrelas, <br />sinto asas na barriga <br />sem medo e sem pudor <br />sou sua por inteiro. <br />Você me inoculou <br />seu vírus redentor <br />e contra ele, anjo, <br />não existe protetor.<br /><br /><em>Agridoce</em> <br /> <br />Esse amor vagabundo <br />me atira num mundo <br />de insanas paixões. <br />Esse amor bem maluco <br />umas vezes é eunuco, <br />mas de outras me aquece, <br />me agita , me queima, <br />me deixa aflita, <br />seqüestra e me perde <br />nos confins do tesão. <br />Amor inconseqüente <br />umas vezes valente, <br />outras só timidez. <br />Ainda domo esse homem <br />e sua doce loucura, <br />e o arrasto pra cama <br />da maneira mais pura, <br />encharcando os lençóis <br />de amarga doçura. <br /><br /><em>Arte final</em><br /><br />"Temos a arte para que a verdade <br />não nos destrua..." (Nietzsche)<br /><br />A arte de poder chorar<br />a arte de poder sorrir<br />acho que as perdi<br /><br />Mas ainda me resta<br />a arte de<br />poder dormir...dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-48262006705936622172007-04-18T08:11:00.000-07:002007-04-18T09:10:58.120-07:00Boas lembranças e uma 'Grata surpresa'<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgosByEyMXNawUf5pWMWdDSz5v3LKLdPipFxPrE6hOkxhbAdu7Elo5dKFFIkw0Uwo4158C4TpSpCBI_Ee5ntTL3xrhfpra7EGi-tAjCo0x4e3l25nRS4Rf4gJXL36FvTkw3sublFzVn0mEG/s1600-h/elianest.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgosByEyMXNawUf5pWMWdDSz5v3LKLdPipFxPrE6hOkxhbAdu7Elo5dKFFIkw0Uwo4158C4TpSpCBI_Ee5ntTL3xrhfpra7EGi-tAjCo0x4e3l25nRS4Rf4gJXL36FvTkw3sublFzVn0mEG/s320/elianest.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5054801170244686338" /></a><br /><br /><strong>"</strong>Escrevi alguma coisa para televisão e teatro, como colaboradora e aprendiz de uma pessoa linda, amigo do fundo do coração, o escritor, roteirista, teatrólogo e gênio, Armando Costa. Essa pessoa linda, atualmente deve estar tomando seus "hi-fis", com vodca e suco de laranja "bem coadinho, bem coadinho, bem coadinho" (sic) numa nuvenzinha, acompanhado de Vianninha e Paulo Pontes, que foram seus parceiros muito antes de o conhecer, e com outros amigos que partiram e, espero, pensando em mim de vez em quando... <br />Escrevi também, algumas letras de música, uma meia dúzia delas gravadas. Mas, fiquem tranqüilos, tenho quase certeza que vocês nunca ouviram, nem nunca vão ouvir, pois nunca estive e, acredito, nunca vou estar inserida dentro da mídia. Sou bicho estranho...<strong>"</strong><br /><br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/mp_gratasurpresa.htm">Grata surpresa</a> <br /><br /> <br />Hoje acordei assim, meio barro, meio tijolo, à tarde conversei com uma amiga por telefone e comentei que a vida é, realmente, uma barra, pois tenho visto muitos documentários na GNT, Discovery e National Geographic e, a cada dia que passa, me convenço que viver é uma luta só... <br /><br />Quase choro e fico deprimidésima quando vejo aquela pobre manada de elefantes se arrastar pela África a fora (ou a dentro) em busca de uma água, coitadinhos, ou então aquelas pobres focas sofredoras e sobreviventes se debatendo para escapar de tubarões medonhos e famélicos, ou ainda um pobre veadinho, apartado da manada e de sua mãezinha sendo devorado por um lindo, terrível e voraz tigre da Sibéria...<br /><br />Os próprios belos e famélicos predadores vivem uma vidinha de dar dó! Sempre naquela insegurança e com o estômago colado nas costas, pobres...<br />A vida não é mole não! É uma luta eterna, e, quando a luta cessa só resta a carcassa... <br />Então, quando eles colocam uma tempestade no deserto em câmara lenta, ou um mar revolto, em fúria, e a gente percebe a nossa pequenez diante de tudo, é de chorar baldes...<br /><br />E daí vem o Paulo Coelho me falar de fazer o Caminho de Santiago e coisa e tal... Ora, faça-me o favor! Não tenho nada contra ele, nem o odeio como grande parcela de gente que conheço e, ao contrário dos maldosos, li alguns de seus livro e até gostei, embora não me lembre mais do conteúdo de nenhum, mas essa história de fazer o Caminho de Santiago é coisa pra desocupado, coisa de dondoca que nunca teve um revés na vida, eu acho...<br />Os pobrezinhos dos bichos fazem um Caminho de Santiago eterno e, não são só os bicho, não! <br />Eu mesma, bicho-mulher e bicho-grilo e mais um monte de gente que conheço vivemos num Caminho de Santiago eterno, cheio de agruras, incertezas, dúvidas, sofrimentos físicos, afetivos e espirituais de responsa...<br />Alguns têm consciência das pedras do caminho e adquirem alguma sabedoria (sei lá pra que, mas eu gosto), outros fingem não vê-las (as pedras), e, como um antigo namorado que tive, pensa (ou quer) estar aqui só a passeio, mas isto não cabe a nós decidir nem se pode escolher, deveria perceber ele, que já coroa tinha que viver encostado na casa da mãe, ferrado e sem grana... <br /><br />Então, como estava dizendo, me encontrava assim, nesse estado de ânimo meio macambúzio e bastante "inútil paisagem" quando, agora a noite, abro um e-mail do PD Literatura (Projeto Diário de Literatura) e descubro que eu, o Fred Matos e o Nel Meireles fomos escolhidos nos ESPECIAIS de novembro da Revista, olha que luxo?<br /><br />Uma verdadeira gota de mel no deserto da vida! :)<br /><br />Muito obrigada, Asta!<br /><br /><br /><br />Eliane Stoducto<br /><br />em Palavras Tortas, 31/10/2006<br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br />Procura<br /><br />Onde ficou meu prazer?<br />Procuro dentro de mim...<br />Ficou perdido nas mágoas,<br />no medo oculto,<br />no choro convulso.<br /><br />Onde ficou meu prazer?<br />Procuro dentro de nós...<br />Ficou perdido em mentiras,<br />em tolas desculpas,<br />palavras injustas.<br /><br />Onde ficou meu prazer?<br />Procuro entre os lençóis...<br />Ficou perdido na proa<br />de um barco à deriva<br />e eu parto à procura<br />já estou de saída... <br /><br /><br />Pressa <br /> <br /> <br />Vamos, baby <br />se apresse, <br />pois enquanto <br />você valsa, <br />danço reggae... <br />Vamos acertar o passo... <br />Vamos, baby! <br />que a orquestra <br />está cansada <br />e arrefece... <br />Vamos, baby! <br />ou me canso <br />e o tédio <br />me adormece!<br /><br />Pororocas<br /><br />Os prazeres do corpo<br />adoçam, alegram, cicatrizam.<br />Abaixo diques, represas!<br />Sinto o temporal caindo<br />no deserto. Secreto.<br />Liberando sumos.<br />Virando Amazonas.<br />Abaixo a aridez!<br />Meus fluidos correm livres outra vez!<br />Quero foz, quero delta, quero<br />muitas pororocas!<br />Quero muito! Quero mais! Do bom e do pior!<br />Quero aprender, crescer, evoluir<br />como a Mocidade na Sapucaí!<br />abraçando generosamente<br />tudo que me cabe:<br />o ruim e o melhor! Sem restrições.<br />E poder finalmente concluir<br />que tudo depende do ponto de vista,<br />que são muitos, que são mis.<br />Abaixo maniqueísmos! Abaixo racismos!<br />Vivam os quereres! E os amores! E os desamores!<br />Mentes míopes, empoeiradas,<br />hipermétropes e cansadas<br />pouco podem perceber!<br />Visão estreita. Mente estreita.<br />Estreito é o nosso olfato, o nosso tato.<br />Faixas limitadas. Limitadíssimas.<br />O corpo é o limite! Socorro!<br />Quero jogar tanto xadrez quanto porrinha.<br />Admirar Picasso e Nilton Bravo.<br />Me deliciar com adoçante, sal marinho,<br />fel e açúcar mascavo.<br />Quero amar o ateu e a freirinha.<br />O belo e o feinho.<br />E amar. E ter prazer. E transcender.<br />O limite...dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-42762301239951442332007-04-17T07:18:00.000-07:002007-04-17T07:33:03.328-07:00Eliane por ela mesma<strong>"</strong>Doses minhas pra saciar a curiosidade de qualquer um! E, só um pequeno lembrete, pra quem gostar a vir possa: sou chata, passional, às vezes triste e, quase sempre temperamental, ao mesmo tempo que tento levitar mas, nem sempre consigo... Só de quando em vez... :) <br />Enfim, sou extremamente humana demais para o meu gosto... ou desgosto ... :( <br />Mas sempre estarei disposta a defender a liberdade de expressão e de tudo o que não prejudique, afete ou magoe o outro e a tentar ver sempre o mundo com olhos bons! Mesmo que isto, às vezes, me traga alguns dissabores...<strong>"</strong><br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Abri as portas</a><br /><br />Abri as portas<br />Abri o peito<br />Abri as pernas<br />Abri os braços<br /><br />Perdi o tempo<br />Perdi o afeto<br />Perdi o gosto<br />Perdi o tato<br /><br />E comprei tranca<br />Com cadeado<br />Vidro blindado<br />Porta de aço<br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Carne de pescoço</a><br /><br />Gosto dos malucos, doidos, desgraçados<br />exagerados, tristes, apaixonados<br />que praticam um suicídio tão diário<br />por sentirem tanta sede e gana de viver<br /><br />Gosto dos que crêem na própria insanidade<br />por saberem-se humanos, limitados, miseráveis<br />e com isto exercitam a humildade<br />conscientes de estarem aprisionados<br />nesta pobre casca humana até morrer<br /><br />Não gosto de ares de superioridade<br />(os parâmetros são tão tênues e precários!)<br />não concedo a ninguém autoridade<br />- Oh, esses deuses e deusas sectários -<br />pontificando sobre a vida e o que fazer<br /><br />Pois na minha prisão de carne e osso<br />sou única, sou livre, sou colosso<br />sou meu anjo e meu algoz,<br />fora-da-lei sou coisa feita<br />e carne de pescoço.<br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Palhaça</a><br /><br /><br />O tempo passa<br /> e eu, <br /> palhaça,<br /> no circo maldito<br /> choro risos<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglc4c-bTzSmMID02GZDn9n3gpT0iU7maMqI8ZAc62WAH8wi0DHZltk2SHY6vMGM3W0O7aLEXSaGJG7Mu2pJiok9NzCZOoCUNpvkOcsWRcdFfL4aD-fIzZoEhhHVDe8jvn61XTeDxbwkpEZ/s1600-h/vallotton9a.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglc4c-bTzSmMID02GZDn9n3gpT0iU7maMqI8ZAc62WAH8wi0DHZltk2SHY6vMGM3W0O7aLEXSaGJG7Mu2pJiok9NzCZOoCUNpvkOcsWRcdFfL4aD-fIzZoEhhHVDe8jvn61XTeDxbwkpEZ/s320/vallotton9a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5054404899382088162" /></a><br /><br /><strong>"</strong>Me formei em História, há tempos atrás, pela UFRJ e, por motivos pessoais e absoluta aversão às coisas determinadas e estabelecidas - academicismos, cartilhas e doutrinas - tracei para mim mesma um caminho meio "gauche", meio na contra-mão, ligeiramente afastado do convencional. <br />Enfim, dentro desse quadro, passeei por caminhos diversos, como uma druida pós-moderna, maga, louca e eremita (v. tarô), em busca de um conhecimento específico, particular, que se adequasse à minha maneira de sentir e perceber as coisas, o mundo... <br />Batalhei e tenho batalhado para descobrir caminhos próprios, diversos daqueles que gostariam que eu seguisse...<br />Continuo na busca, e às vezes me sinto envolvida pela escuridão, de outras, vejo o brilho de cristais e me sinto iluminada. Algumas vezes pago um alto preço por ser como sou, mas gosto da minha escolha e, em momento algum, me arrependo do caminho que tracei para mim... <strong>"</strong>dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4150753096708033408.post-29891108785256366452007-04-16T07:12:00.000-07:002007-04-16T07:42:53.099-07:00Apresentação<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieCVH0-zCqxV0PjdttZ15m6eI_CG2-R9hLWKbYsHsrqU791kMxIzYkNZKBBnj3UafbKEZ-0OH1iGjYBmrruwWAF7aeWs_IKIAG0KxkLlI6xgvE_vjYZSml2em_K6FrVxUccx_rb85f0wh-/s1600-h/eli1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieCVH0-zCqxV0PjdttZ15m6eI_CG2-R9hLWKbYsHsrqU791kMxIzYkNZKBBnj3UafbKEZ-0OH1iGjYBmrruwWAF7aeWs_IKIAG0KxkLlI6xgvE_vjYZSml2em_K6FrVxUccx_rb85f0wh-/s320/eli1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5054032306674192834" /></a><br /><br /><br />A carioca Eliane Stoducto estudou no Colégio Pedro II, fez dois anos de Desenho de Arquitetura e Urbanismo, no Instituto de Belas Artes (IBA), no Parque Laje, e se graduou em História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). <br />Recém-formada, lecionou Geografia e História e fez pesquisas no Arquivo Nacional e na Biblioteca Nacional, para o Centro de Pesquisa de História Econômica do Brasil (CEPHEB); pesquisou no Arquivo Nacional sob a orientação do professor Mircea Buescu (1977/78); foi pesquisadora-assistente no projeto Atenção à Saúde e Controle Social –1900-1940, financiado pela Fundação Ford, sob a orientação do professor Nílson do Rosário Costa (1980). <br />Nos anos 1980 começou a escrever letras de música e participou de alguns festivais de MPB. Classificou-se no Festival de Juiz de Fora, 1981, com três músicas (letras), e obteve o primeiro lugar com a música <em>Fênix</em>. No mesmo ano classificou-se em quarto lugar no Festival de Ouro Preto e, em 1986, no Festival de Muriaé.<br />Ainda em 1981 dirigiu o show de Aécio Flávio e Jane Duboc, no Teatro do Parque, em Recife, e no Palácio das Artes, Belo Horizonte.<br />Teve cinco de suas letras gravadas pelas gravadoras Polygram, 1980; Aycha, 1981; Pointer, 1982; RCA, 1982; Pointer e Polygram, 1983. <br />A partir de 1979, trabalhou como colaboradora do escritor e roteirista Armando Costa, parceiro e amigo, em alguns seriados para TV. Ainda com Armando Costa, fez a adaptação para teatro de <em>O Analista de Bagé</em>(1982) e escreveu a peça <em>Filhos</em> <em>da Pátria! </em>(1983) ainda inédita. <br />Em 1982 seu depoimento "Pernas pra que te quero" foi premiado e publicado pela <em>Revista Nova</em>.<br />Com o nascimento de seus dois filhos, afastou-se da vida lítero-boêmia-musical, cuidando dos meninos durante 14 anos e escrevendo crônicas e poemas.<br />Seu trabalho está em fóruns e sites de poesia, e mais recentemente em seus próprios sites – <em>Cristal Poesia Prosa</em> e <em>Poema em Movimento</em> – onde apresenta ainda outros poetas. Em dezembro de 1999, inaugura, com Claudia Letti, o site <em>Letra de Corpo</em> – Literatura e Arte, destinado a acolher obras de diversos poetas e escritores que quisessem participar e publicar seus trabalhos. <br />Participou da <em>Crônica do Dia</em>, site coletivo na Internet, como membro da Ártemis, Fórum de Mulheres, e fundou, em 1999, a Lista Literária Katarse. <br /><br />* Publicações<br /><br /><em>Saciedade dos Poetas Vivos, Prazer/Volúpia</em> (filha de Eros e Psique). 1999, da Blocos Editora, Rio de Janeiro.<br />I Antologia Nau Literária. 1999, Editora Komedi, Campinas.<br />Antologia dos Poetas Internautas. 1999, Editora Blocos, Rio de Janeiro.<br /><br />* Letras de músicas (gravadas)<br /><br />"Menino", parceria com Aécio Flávio, gravação Aécio Flávio, Polygram, 1980. <br />"Menino", parceria com Aécio Flávio, gravação Jane Duboc, Aycha, 1981. <br />"Tenta", em parceria com Irinéa Maria, gravação Rosa Maria, Pointer, 1982. <br />"Seu filho, seu amigo", parceria com Aécio Flávio, gravação Oscar Henriques, RCA, 1982. <br />"Quem tem telhado de vidro está sempre bronzeado", c/Aécio Flávio, gravação Célia, Pointer, 1983. <br />"Bonde pra não sei pra onde", c/Aécio Flávio, gravação Marcos Sabino, Polygram, 1983. <br /><br />* Teatro<br /><br />Adaptação para teatro da peça <em>O Analista de Bagé</em> (1982), de Luis Fernando Veríssimo, em parceria com o roteirista e teatrólogo Armando Costa. <br />Peça teatral <em>Filhos da Pátria!</em> (1983), com Armando Costa (inédita).<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAOMTlXJ-FxV9UCXy2Jya6qvaV9GIW4-xI6XmOBM_DP4fyj4XaI2QK_11XJsxUJjvs0qos9m8NyPa7YE8uF2EsrUxsPZZuqBrc8RyxVTyhce5-y8_7246NInQu8VT_Vhv1c-SHsuDBI8_B/s1600-h/eliane_stoducto.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAOMTlXJ-FxV9UCXy2Jya6qvaV9GIW4-xI6XmOBM_DP4fyj4XaI2QK_11XJsxUJjvs0qos9m8NyPa7YE8uF2EsrUxsPZZuqBrc8RyxVTyhce5-y8_7246NInQu8VT_Vhv1c-SHsuDBI8_B/s320/eliane_stoducto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5054031353191453106" /></a><br /><br /><a href="http://cristalpoesia.net/">Poemas</a><br /><br />Espelho<br /><br />Quem é essa dona <br />que a imagem reflete <br />e que me contempla <br />no espelho do lago? <br />É fada? Demônio? <br />É viva? É morta? <br />Será que é miragem? <br />Concreta, palpável? <br />Ou inacessível? <br /><br />Quem é essa peça <br />tão indefinível <br />de quem visto a pele <br />e habito a carcaça?dade amorimhttp://www.blogger.com/profile/05032690517515543008noreply@blogger.com6